AC - Ana Cristina Barbosa Rocha

Especialista em Linguagem

Atuação na Fonoaudiologia

A FONOAUDIOLOGIA é uma profissão da área da saúde que pesquisa, previne, avalia e trata as alterações da voz, fala, linguagem, audição, aprendizagem, enfim, da Comunicação Humana.

Atua na saúde da criança, adolescente e jovem, mulher, mental, idoso, trabalhador, deficientes, da família e educação.

 

-Saúde da Criança:

  • Triagem Auditiva Neonatal (“Teste da Orelhinha”) e infantil;
  • dificuldades em recém-nascidos para sugar e engolir;
  • alterações de fala, leitura, escrita e aprendizagem;
  • atrasos no desenvolvimento infantil;
  • acompanhamento da evolução psicomotora;

 

- Adolescente e Jovem:

  • alterações vocais (puberdade e situações atípicas);
  • prevenção e tratamento de disfluências na fala e na linguagem (“gagueira” e “fala embolada”);
  • orientações quanto ao uso adequado de equipamentos e em situações que possam prejudicar a audição (fones de ouvido, DJs);
  • reequilíbrio da musculatura de face, lábios e língua no tratamento ortodôntico;

 

- Saúde da Mulher:

  • apoio e incentivo ao aleitamento materno;
  • orientações às mães quanto ao desenvolvimento saudável de seus filhos em diferentes aspectos (vínculo afetivo, linguagem, desenvolvimento psicomotor);
  • problemas de voz relacionados a fatores femininos (mau uso vocal, menopausa, tumores);

 

- Saúde do Idoso:

  • sequelas de AVC ou outras alterações de origem neurológica;
  • dificuldades de mastigar ou engolir alimentos;
  • falhas de memória, problemas na compreensão ou na expressão verbal;
  • indicação e adaptação de aparelhos auditivos;
  • mudanças na qualidade da voz;

 

- Saúde do Trabalhador:

  • Problemas decorrentes da exposição ao ruído intenso;
  • Acompanhamento específico aos profissionais da voz (professores, locutores, advogados, etc);
  • Assessoria a escolas, indústrias e empresas;
  • Participação em equipes de referência em saúde do trabalhador;

 

- Portadores de Necessidades Especiais:

  • Habilitação e reabilitação de pacientes com alterações de comunicação em geral, audição, mastigação e deglutição;
  • Realização de adaptações e outras condutas terapêuticas que visem melhor compreensão e expressão oral, alimentação segura e inclusão social plena;
  • Melhoria da qualidade de vida;

 

- Saúde da Família:

  • Atuação nas equipes de Saúde da Família, visando promover, prevenir, detectar e auxiliar na solução de problemas diversos que envolvam alterações de voz, fala, linguagem, audição e vias de alimentação;

 

- Saúde Mental:

  • Favorecimento da socialização e resgate da auto-estima, através de estratégias de incentivo à comunicação;

 

- Educação em Saúde:

  • Participação em ações socioeducativas em saúde da comunicação;
  • Multiplicação e facilitação de estratégias que ofereçam informações à população sobre melhorias na qualidade de sua saúde.

 
 

- Apraxia.

“É um distúrbio neurológico que afeta a produção motora dos sons da fala. A precisão e a consistência dos movimentos necessários para produzir os sons da fala estão alteradas, na ausência de déficits neuromusculares. É uma alteração funcional e que nem sempre é detectada em exames para o estudo do cérebro (como ressonância e tomografia).

Apraxia de fala não é apenas um atraso na fala, pelo contrário, é um distúrbio motor (neurológico-funcional) para produzir os sons da fala. É uma desordem neurocomportamental, no qual os parâmetros espaço-temporais dos movimentos da fala estão comprometidos. É um distúrbio instável, dinâmico e que pode persistir até a idade adulta (American Speech-Language-Hearing Association, 2007).

Existem várias terminologias para este quadro, como: dispraxia verbal, dispraxia do desenvolvimento da fala, apraxia desenvolvimental, dispraxia articulatória, desintegração fonética. São diferentes nomes para explicar o mesmo problema. No entanto, é importante salientar, que a Associação Americana de Fonoaudiólogos (ASHA), desde 2007, definiu e padronizou o termo: Apraxia de Fala na Infância (CAS, Childhood Apraxia of Speech). 

Os sinais são: 

  • Bebês quietos. Os pais percebem que vocalizam/balbuciam pouco; 

 

  • As pessoas geralmente comentam: “Nossa! Que bebê quietinho vocês tem”;

 

  • As primeiras palavras como “mamãe” e “papai” aparecem mais tarde (depois de 14 meses);

 

  • A criança com Apraxia, geralmente compreendem tudo o que falamos com ela, mas ela não consegue se expressar bem. Os pais notam uma discrepância entre a compreensão e a recepção; 

 

  • Não consegue produzir adequadamente os sons da fala. Fala apenas as vogais ou falam apenas as primeiras sílabas ou ainda, consegue apenas falar os sons mais fáceis como o som o P, do M e os demais não consegue. 

 

  • Apresenta dificuldade para imitar palavras e frases (fala apenas sílabas isoladas); 

 

  • Apresenta mais facilidade para falar palavras mais curtas, como “oi”, “dá”….porém para palavras mais longas, di ou trissílabas, já não consegue manter a sequencia correta de sílabas. 

 

  • Tem dificuldade para falar todas as vogais (às vezes, o som do “É” sai como “A” ou “E”, por exemplo, fala “pa” para pé). 

 

  • Na alimentação, pode ser confusas e distraídas. Precisamos ajudá-la: “mastiga! Morde! Engole!Beba! Pode colocar a comida na boca e ficarem “perdidas” (a boca fica cheia e não sabem o que fazer com o alimento). 

 

  • Pode ter dificuldade para mastigar algumas consistências (por exemplo, demora para mastigar um pedaço de carne); a mãe acaba dando tudo mais molinho, já amassado. Pode ter dificuldade para escovar os dentes. 

 

  • Os movimentos orais, como colocar a língua para fora, lateralizar a língua dentro e fora da boca, encher as bochechas podem estão alterados. Os pais percebem que não há uma boa movimentação destas estruturas orais. O sopro é fraco (ela tem dificuldade para encher bexigas, para soprar língua de sogra, etc). 

 

  • A prosódia ou melodia da fala é afetada. Pode ter uma fala “truncada”, pode ser monótona (dificuldade com a entonação). Parece falar sempre no mesmo “tom”. 

 

  • Pode ter uma coordenação motora global não muito organizada: são crianças desajeitadas no correr, no pular. A coordenação motora fina também pode estar prejudicada (não consegue segurar o lápis adequadamente, dificuldade com jogos de encaixe, para atividades manuais que exigem coordenação motora fina). 

 

  • Pode falar corretamente uma palavra em um contexto e depois “perder” esta palavra. Tenta falar de novo e sai de um jeito diferente; 

 

  • Pode ter histórico familiar para atraso na fala. O pai, a mãe, o avô, a bisavô, um primo…enfim alguém da família, pode ter tido também dificuldade para falar. 

 

  • Crianças com Apraxia pode ter dificuldades escolares. 

 

  • Crianças com Apraxia também podem ter dificuldades emocionais: os pais percebem que a criança até tenta falar, mas não consegue e isso pode causar frustração, baixo auto-estima. Algumas crianças ficam agressivas e irritadas.

Podemos ter a Apraxia de Fala Adquirida quando existe uma causa definida e ocorre após uma lesão na área de programação motora da fala no cérebro (nos casos, de traumatismo craniano, acidente vascular, etc). 


Mas, na maioria dos casos, a Apraxia de Fala é idiopática, ou seja, não existe uma causa específica, definida. A disfunção na área de programação motora da fala não aparece nos exames tradicionais para estudo do cérebro (ressonância magnética, tomografia). Conforme já escrevi anteriormente, é uma alteração funcional. 


A Associação Americana de Fonoaudiologia sugere a seguinte perspectiva para estudar as causas de Apraxia: 

1. Idiopáticas (não há uma causa definida): ocorre uma falha no sistema linguístico-motor que resulta na dificuldade para produzir/articular sons e para combinar as sílabas para formar as palavras.

2
. Perspectiva Sensório-Motora: ocorre uma alteração na percepção (processamento sensorial) e processamento motor e isso afeta o planejamento e automatização da sequencia motora de cada palavra produzida. 

3
. Perspectiva do Processamento Auditivo: crianças com apraxia tem os exames auditivos normais. Mas existe uma perspectiva que acredita que elas ouvem normalmente (audição periférica normal), mas o processamento (percepção/discriminação/memória auditiva) do que elas ouvem não ocorrem de forma adequada e isso afeta o encadeamento dos sons.

Causas Genéticas 

Algumas alterações genéticas são hereditárias, ou seja, passam de pais para os filhos; porém outras podem ocorrer espontaneamente e sem termos como prevenir ou evitar, são “acidentes” genéticos que podem ocorrer no momento da concepção na gestação. Existem algumas condições genéticas que podem estar associadas ao quadro de Apraxia ou alguns sintomas da Apraxia. Suspeitas de causas genéticas devem ser sempre acompanhadas por um Médico Geneticista. 

Algumas condições genéticas que podem estar ter Apraxia associada: 

1. Galactosemia: é um erro inato do metabolismo, é uma doença hereditária, no qual o corpo não consegue metabolizar (transformar) galactose em glicose. Ocorre em 1 a cada 60.000 partos. Crianças com galactosemia não toleram qualquer tipo de leite (humano ou animal) e devem ter cuidado com a ingestão de outros alimentos que contenham galactose.

2. Síndrome do X-Frágil: é a segunda causa mais frequente de Deficiência Intelectual, de origem genético-hereditária e pode ser acompanhada por um quadro de Apraxia. São crianças que apresentam déficit cognitivo, dificuldades comportamentais (hiperativos, com sinais austísticos) e tem características faciais típicas.

3. Síndrome de Down: frequentemente o quadro de Apraxia é subdiagnosticado em crianças com Síndrome de Down (“oh, ele tem a Síndrome e por isso é hipotônico e tem dificuldade em articular corretamente os sons). Atenção! Crianças com Síndrome de Down podem ter associado um quadro de Apraxia (os dois diagnósticos pode ocorrer) e nestes casos, é preciso um tratamento diferenciado.

4. Síndrome de Prader-Willi: ocorre um erro genético no cromossomo 15. Alguns sinais são: diminuição no reflexo de sucção, hipotonia muscular quando bebês, apetite insaciável (procura constante por comida), problemas comportamentais, estrabismo, déficit cognitivo, atraso no desenvolvimento motor e fala. Crianças com esta síndrome também podem apresentar Apraxia de fala.

Pode ocorrer de uma criança não ter nenhuma destas condições genéticas acima descritas, mas pode existir um componente genético na família que justifique a alteração no desenvolvimento da fala e da linguagem, existe uma predisposição genético-familiar para a alteração, mas os genes ainda não foram encontrados. Em 2003, o Journal of Communication Disorders, publicou um estudo com uma família onde havia vários membros afetados pela Apraxia (ficou conhecido como o gene FOX P2). 

Outras causas: existem alguns estudos que têm encontrado algumas relações de doenças infecciosas que podem prejudicar circuitos cerebrais relacionados à área de programação motora da fala. As doenças citadas são: AIDS (HIV), Encefalite e Meningite. 

Outras condições que também podem estar relacionadas à Apraxia: problemas no nascimento, prematuridade.

Apesar de ter listado aqui as principais causas, vale destacar que estes são resultados de estudos teóricos e são fatores que podem ter contribuído para o aparecimento da Apraxia, mas até o momento, não se sabe qual a causa exata do problema.

- Disortografia.

O transtorno específico da grafia que, geralmente, acompanha a dislexia é conhecido como disortorgrafia. É a dificuldade de aprender e desenvolver as habilidades da linguagem escrita. Segundo a fonoaudióloga Fernanda Marques, “é a alteração na planificação da linguagem escrita, causando transtorno na aprendizagem da ortografia, gramática e redação”. Os órgãos sensoriais estão intactos e devem passar por uma instrução adequada. Traçado incorreto da letra, lentidão, alteração no espaço, sujeira e falta de clareza na escrita, inteligibilidade são alguns sinais da disortografia. Muitas pessoas também se queixam de dores nas mãos ou nos braços, pois fazem força para escrever. A pessoa que sofre de disortografia tende a escrever textos curtos, a ter dificuldade no uso de coordenação e subordinação das orações, dificuldade em perceber os sinais de pontuação, falta de vontade para escrever.

Sendo a disortografia um problema na escrita, veja abaixo alguns exemplos:

  • – Substituição: Exemplo: “todos” por “totos”
  • – Omissão: Exemplo: “Chuva forte” por “chuva fote”
  • – Acréscimo de letras ou sílabas: Exemplo: “Estranho” por “estrainho”
  • – Separação: Exemplo: “Está embaixo da cama” por “Está em baixo da cama”
  • – Ou “Caiu uma chuva” por “caiu um a chuva”
  • – Junção: Exemplo: “A lua está entre as nuvens” por “Alua está entreas nuvens”

Considera-se que, até a segunda série seja comum as crianças se confundirem ortograficamente, dado que a relação com o som e a palavra escrita ainda não está dominada. Para que seja diagnosticada a disortografia, a criança não pode ter alterações intelectuais, sensoriais, neurológicas, motoras e afetivas. Esse é um transtorno funcional que afeta a forma, inteligibilidade, significado e o ritmo da escrita. Isto é, o desenho da letra não estará adequado à verdadeira escrita. A disortografia pode vir sozinha, ou seja, a pessoa lê e escreve bem, mas não consegue desenhar a letra de forma clara e limpa, como também pode aparecer junto com a dislexia.

- Transtorno do Espectro Autista.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes síndromes marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa graduação que vai da mais leve à mais grave. Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de comunicação e relacionamento social.

Não faz muito tempo, o autismo era considerado uma condição rara, que atingia uma em cada duas mil crianças. Hoje, as pesquisas mostram que uma em cada cem crianças é portadora do espectro, que afeta mais os meninos do que as meninas.  Em geral, o transtorno se instala nos três primeiros anos de vida, quando os neurônios que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões necessárias.

As manifestações na adolescência e na vida adulta estão correlacionadas com o grau de comprometimento e com a capacidade de superar as dificuldades seguindo as condutas terapêuticas adequadas para cada caso desde cedo.

O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos sinais e sintomas e leva em conta os critérios estabelecidos por DSM–V (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).o comprometimento e o histórico do paciente

O diagnóstico do Autismo (TEA) depende de fatores:

1) conhecer profundamente os Autistas sabendo seus sinais e sintomas;

2) observar o comportamento da criança em casa, com os pais, na escola, no parque, enfim, em todos os ambientes que tenham crianças e adultos participando de preferência;

3) verificar fotos, vídeos, gravações realizadas na escola e em aniversários;

4) solicitar relatórios das escolas, creches e estes responderem com detalhes e com informações significativas (podendo até se utilizar de escalas de avaliação já citadas para facilitar e padronizar esta tarefas pois `as vezes a escola nem sabe o que descrever e ressaltar);

5) conversar muito com os pais a fim de explicar bem o diagnóstico e a importância de tratá-lo.

Estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos, biológicos e ambientais. Muitos avanços científicos está acontecendo contribuindo positivamente, para o tratamento e melhora na qualidade de vida desses indivíduos. 

- Atraso no Desenvolvimento de Linguagem.

Atraso de linguagem tem também como terminologia Retardo de aquisição de linguagem RAL.

Retardo de aquisição de linguagem diz respeito a um início tardio no desenvolvimento da linguagem da criança. A forma como a criança utiliza a linguagem seria considerada normal em uma faixa etária anterior, ou seja, o seu nível de desempenho lingüístico estaria aquém daquilo que é esperado pelo meio.

Segundo Zorzi (1993), “a denominação retardo de linguagem ou retardo de aquisição de linguagem diz respeito a algum tipo de comprometimento no curso evolutivo da aquisição da linguagem”.

O retardo de aquisição da linguagem ocorre quando a criança não apresenta um nível de linguagem adequado.

O atraso manifesta-se na forma de uma evolução não satisfatória ou dificultosa com: vocabulário restrito, dificuldade em elaborar frases, uso pouco freqüente da linguagem, dificuldade de compreensão, inabilidade para relatar fatos ou acontecimentos vivenciados, narrativa truncada e apoiada em gestos,fala ininteligível, geralmente acompanhada de desvio fonológico e sintaxe limitada.

O diagnóstico precoce é muito importante para que haja uma intervenção terapêutica sem demora. O fonoaudiólogo irá acompanhar a criança, intervindo de maneira eficaz para ampliar sua linguagem oral e oferecer modelos adequados de interação comunicativa entre a criança e a sua família.

O tratamento Fonoaudiológico é de suma importância para que o trabalho alcance seu objetivo. Torna-se fundamental a parceria entre escola/clínica/família, em que a criança sinta-se mais segura e com total respaldo para desenvolver-se plenamente.

Nos casos de Atraso de Linguagem a criança consegue atingir uma linguagem compatível com seu desenvolvimento atingindo sucesso. Quando isso não acontecer, é necessário um diagnóstico diferencial podendo ser Transtorno/Alteração ou Distúrbio Específico de Linguagem.

- Distúrbio Especifico de Linguagem.

É uma dificuldade persistente para adquirir e desenvolver a fala e a linguagem. Aparentemente a criança possuiu todas as condições para falar, mas ela não consegue ou apresenta muita dificuldade neste processo.

O atraso no aparecimento da linguagem oral pode, muitas vezes, ser o sinal de problemas auditivos, ou falta de estímulos ou ainda pode ser o sinal de transtornos mais globais no desenvolvimento como o Autismo e a Deficiência Intelectual. 

No entanto, esse atraso pode ser o indício de um quadro denominado de Distúrbio Específico de Linguagem (Specific Language Impairment, SLI), ou seja, aparentemente a criança possui todas as condições de desenvolver a linguagem e a fala, mas este desenvolvimento não ocorre conforme o esperado.

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos revelam que cerca de 7 em cada 100 crianças saudáveis apresentam algum grau de dificuldade de aquisição e de desenvolvimento da linguagem (Leonard, 2000).

Os pais começam a perceber problemas no desenvolvimento lingüístico da criança por volta dos dois ou três anos de idade: algumas crianças não falam, ou demoram para iniciar a produção das primeiras palavras ou são lentas para aprender novas palavras (vocabulário restrito) ou ainda não conseguem combinar palavras para formar frases.

As dificuldades podem ser variadas, a depender da gravidade do quadro e podem persistir até a idade adulta. Existem casos mais graves, que dificilmente irão desenvolver uma “fala normal”, como existem casos mais leves, nos quais a manifestação mais comum pode ser a dificuldade em adquirir os sons da língua (apresentam trocas de sons na fala).

O diagnóstico precoce e correto é fundamental – para que seja traçado um planejamento terapêutico específico para cada caso e também para que tanto os familiares quanto os professores possam receber esclarecimentos e orientações sobre o problema. 

O diagnóstico inicial é feito por exclusão, ou seja, primeiramente tem que ser investigado se existe algum problema auditivo, se a dificuldade é específica da área da linguagem ou se outros aspectos do desenvolvimento da criança também estão alterados, se existe algum problema emocional grave, se em casa está faltando estímulos para o desenvolvimento da fala e da linguagem. 

Se todas essas causas forem excluídas e a partir de testes específicos, for confirmada uma alteração no processo de desenvolvimento da fala e da linguagem, daí sim, podemos estar diante de um quadro de Distúrbio Específico de Linguagem.

Sinais indicativos de um Distúrbio Específico de Linguagem: 

  • O aparecimento da fala é lento ou atrasado; 
  • A compreensão pode ser normal ou pode estar alterada; 
  • Dificuldade em combinar palavras para formar frases; 
  • Presença de alterações fonológicas (troca de sons na fala); 
  • Presença de alterações morfossintáticas: não consegue estruturar adequadamente uma frase, dificuldade com verbos, preposições; 
  • Flexionamento verbal e nominal ausente ou inadequado; 
  • Dificuldade na organização seqüencial das palavras nas frases (inverte a ordem das palavras); 
  • Fala ininteligível – os familiares não conseguem entender o que a criança está falando; 
  • Vocabulário restrito – dificuldade para aprender novas palavras; 
  • Pode aparecer disfluências, como hesitações, repetições de silabas e de palavras (sinais parecidos com uma gagueira); 
  • Não conseguem relatar fatos, recontar uma história; 
  • Dificuldade para compreender piadas, duplo sentido; 
  • Apresentar sérias dificuldades para aprender a leitura e escrita – transtornos de aprendizagem; 
  • Se há problemas semelhantes na família;

    O Distúrbio Específico de Linguagem pode gerar conseqüências para o processo de aprendizagem da escrita e leitura – estas crianças geralmente não conseguem se alfabetizar na idade prevista e possuem sérias dificuldades para acompanhar as atividades em sala de aula. Não conseguem compreender a relação entre o som e a escrita. A aquisição e o desenvolvimento da linguagem oral são determinantes para o aprendizado da leitura e escrita.

    Este Distúrbio também pode desencadear problemas sócio-emocionais: geralmente são crianças que acabam se isolando dos amigos, apresentam um prejuízo no processo de socialização. Existem até pesquisas que mostram que estas crianças são depressivas. Por serem inteligentes, elas possuem percepção de suas dificuldades.

    Quais as causas deste quadro? 
    Pesquisas atuais indicam que estas crianças podem ter um funcionamento anormal da área cerebral responsável pelo processamento da linguagem. Ou seja, o cérebro destas crianças, parece não ser apto para aprender e para processar a linguagem. Pesquisas americanas mostram ainda, que a influência genética parece se relacionar com a organização das áreas cerebrais responsáveis pela linguagem. Este funcionamento anormal não é detectado em exames convencionais para o estudo do cérebro, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética (em geral, estes exames são normais).

    O que os pais e professores podem fazer? 
    Podem ficar atentos quanto aos marcos de desenvolvimento da linguagem, como por exemplo: com 1 ano as crianças já começam a falar as primeiras palavras (papai , mamãe); com 1 ano e meio elas já conseguem juntar duas palavras e a partir dos 2 anos, as crianças já começam a formar pequenas frases. 

    Quando isso não acontecer é importante que os pais busquem uma orientação profissional. Até mesmo nas creches e escolas, os professores podem observar estes marcos de desenvolvimento. 

    Se existe também alguém na família que teve ou tem algum problema de linguagem ou aprendizagem é mais um sinal para os pais prestarem atenção. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores oportunidades de tratamento poderão ser oferecidas.

    Infelizmente, a realidade aqui no Brasil tem revelado que muitas destas crianças acabam não sendo diagnosticas ou são diagnosticadas de forma incorreta. Muitas vezes, são confundidas com crianças com surdez ou com crianças Autistas ou com Deficiência Intelectual. Conhecer este quadro é de extrema importância para todos os profissionais que trabalham com crianças como Fonoaudiólogos, Psicólogos, Pediatras, Professores, etc.

    Texto elaborado por: Dra.Elisabete Giusti

Referências Consultadas: 
Bishop, D.M.V; Edmundson, A. Language impaired 4 years old: distinguishing transient from persistent impairment. J. Speech Hear Disord, v.52, p.156-173, 1987. 
Stark, R.E; Tallal, P. Selection of children with Specific Language Deficits. J. Speech Hear Disord, v.46, p.114-122, 1981.

- Transtorno de Linguagem.

De acordo com o DSMV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) pode-se classificar o transtorno de linguagem de acordo com quatro critérios.

Os Critérios Diagnósticos para Transtorno de Linguagem no DSM-5 são:

  • Critério A – Dificuldades persistentes na aquisição e no uso da linguagem em suas diversas modalidades (i.e., falada, escrita, linguagem de sinais ou outra) devido a déficits na compreensão ou na produção, inclusive: 1) Vocabulário reduzido (conhecimento e uso de palavras) 2) Estrutura limitada de frases (capacidade de unir palavras e terminações de palavras de modo a formar frases, com base nas regras gramaticais e morfológicas). 3) Prejuízos no discurso (capacidade de usar vocabulário e unir frases para explicar ou descrever um tópico ou uma série de eventos, ou ter uma conversa;

 

  • Critério B – As capacidades linguísticas estão, de forma substancial e quantificável, abaixo do esperado para a idade, resultando em limitações funcionais na comunicação efetiva, na participação social, no sucesso acadêmico ou no desempenho profissional, individualmente ou em qualquer combinação;

 

  • Critério C – O início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimeny;

 

  • Critério D – As dificuldades não são atribuíveis a deficiência auditiva ou outro prejuízo sensorial, a disfunção motora ou a outra condição médica ou neurológica, não sendo mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento.

 

È muito importante realizar o diagnóstico diferencial entre Transtorno/ atraso e distúrbio de linguagem. È da competência do Fonoaudiólogo, de um especialista em Linguagem Infantil realizar esse diagnóstico.

Pais, professores, outros profissionais da saúde, podem identificar ou suspeitar que o desenvolvimento da linguagem de uma criança não está adequado, porém cabe ao Fonoaudiólogo diferenciar, diagnosticar, e consequentemente, elaborar um programa de intervenção específico e eficiente para cada caso.

- Alterações Oromiofuncionais.

A face tem o crescimento e o desenvolvimento diretamente relacionados às funções de sucção, respiração, deglutição, mastigação e articulação. Assim, é importante ao longo do crescimento que a criança apresente condições funcionais adequadas que possibilitem um desenvolvimento harmonioso da face e da fala.

As alterações oromiofuncionais são interferências nas funções de sucção, respiração, deglutição, mastigação e articulação (fala).

As principais causas são:

  • Respiração pela boca;
  • Alteração na sucção devido ao uso de mamadeira e/ou chupeta;
  • Postura inadequada da língua;
  • Hábitos nocivos como roer unhas, chupar dedos e morder bochechas;
  • Alergias;
  • Posturas inadequadas como dormir como as mãos debaixo do rosto;
  • Alimentos pastosos em excesso;
  • Perda precoce dos dentes de leite.

 

Os sintomas são:

  • A criança tem preferência por alimentos macios, pastosos ou líquidos;
  • Predomínio de boca aberta;
  • Baba enquanto dorme;
  • Apresenta cansaço físico;
  • Apresenta olheiras;
  • Sono agitado e sonolência diurna;
  • Problemas de fala;
  • Alterações na arcada dentária.


Para evitar as alterações oromiofuncionais pode-se seguir algumas sugestões:

  • Dar prioridade ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida;
  • Evitar o uso de chupetas e mamadeiras;
  • Oferecer alimentos de várias consistências como pedaços de carne, pão;
  • Observar postura de cabeça e face enquanto dorme e quando a criança está acordada;
  • Manter o ambiente sempre limpo e sem poeira para evitar crises alérgicas;
  • Estimular a linguagem e evitar falar com a criança de forma infantilizada.

Na presença de algum dos sintomas citados, deve-se procurar um Fonoaudiólogo. O Fonoaudiólogo é o profissional capacitado para avaliar, diagnosticar e tratar dos distúrbios oromiofuncionais.

 
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